Centenário do Sport Club de Surubim deverá passar em branco
24/07/2025
Antiga sede do Sport Club de Surubim em imagem cedida por Edvaldo Clemente (Foto: Arquivo/ Dr. Antônio Hermes)
Por Fernando Guerra
Neste dia 28 de julho, o Sport Club de Surubim completa seu primeiro centenário, sem festas. É lamentável que o clube social e esportivo mais antigo da cidade esteja relegado a um plano secundário, entregue ao Deus dará. Talvez, seus atuais proprietários, sim, proprietários (!), estejam aguardando um momento para demolir essa parte da História de nossa terra.
Esse comportamento que se manifesta no tocante ao Sport, já fora sobejamente usado em toda a cidade! Assim deu-se quando se iniciou a luta pelo tombamento da Usina Surubim. Enquanto se desenrolava a luta burocrática entre a Fundarpe e os donos da edificação dessa usina, para seu tombamento, vários proprietários de casas construídas na primeira metade do século XX, descaracterizaram suas fachadas às escondidas, com receio de que no futuro elas viessem a ser tombadas.
Um verdadeiro espetáculo degradante. Por último, foi abaixo a residência do primeiro prefeito de Surubim em plena Praça Dídimo Carneiro que a ignorância denominou Praça dos Cavalos e, por incrível que pareça, logo em seguida, descaracterizaram na surdina a fachada da residência do Bispo D. Ricardo Vilela, à Rua Estácio Coimbra.
Se apelidarem de cupins da História esses personagens que vão destruindo a nossa identidade urbana, estarão completamente certos.
A Usina Surubim resguardava a memória da época de ouro do algodão no município tanto quanto, hoje, o Parque de Exposições de Animais, ainda mantém viva a lembrança dos tempos em que Surubim se destacava com sua pecuária. Esse parque em alvenaria, que ainda se mantém de pé, certamente é o mais antigo de todo o interior pernambucano. Resguarda um período em que criadores do município conseguiam premiações com seus animais nas exposições mais importantes do país e exportavam leite para a nossa capital.
Por muitas décadas a economia de Surubim esteve apoiada de um lado pela cotonicultura e do outro pela pecuária, sobretudo a leiteira até a introdução do bicudo e o fechamento da CILPE.
Quanto à vida social e desportiva sobressaía-se o Sport Club fundado no dia 28 de julho de 1925 pelo Coronel Dídimo Carneiro com o apoio da sociedade surubinense, conforme pesquisa da historiadora Marisa Barbosa. Esse clube se constituiu durante um longo período numa entidade que muito concorreu para o desenvolvimento social, esportivo e o engrandecimento de Surubim.
Diferentemente do Clube Cara e Coroa que foi construído com a cotização de um grupo de nossa sociedade, o Sport foi se constituindo com recursos da população, dos poderes públicos, das sucessivas festas memoráveis, do povo, de gerações que se sucederam até os nossos dias.
Num piscar de olhos, uma recente diretoria do clube convocou uma assembleia com seus poucos associados e aprovou a criação de títulos de sócios proprietários. Eles próprios devem ter adquirido esses títulos e passaram a ser donos de um patrimônio de todo o povo de Surubim. Fato que pode ser legal, mas, é imoral, porquanto se apropria de falhas da lei para ter a posse de uma instituição e de seu rico patrimônio.
O Sport Surubim já se constituiu em orgulho dos munícipes. Quando a cidade recebeu pela primeira vez um governador do Estado, o então Dr. Estácio Coimbra, em 1929, um dos lugares que ele visitou foi o nosso Sport.
Já em nova sede, à Rua Antônio Farias a nossa agremiação social e desportiva abriu suas portas para festas inesquecíveis que são lembradas por sucessivas gerações. Em depoimento do Padre Inaldo Silva que publicamos em seguida (clique aqui) , ele que vivenciou por muitos anos o movimento social desse clube, são ressaltados esses aspectos que não podem ser jogados na lata do lixo do tempo.
Notável, também, foi a escolinha de futebol comandada por Zezinho nos anos 50 e 60, preparando atletas para o futuro. Além do próprio time do Sport que ocupou lugar de destaque em nosso mundo desportivo.
Chegamos ao centenário de uma agremiação social e esportiva, uma das mais antigas de todo o Agreste pernambucano, sem nenhuma comemoração, sem nenhum projeto, sem nenhuma perspectiva. Surubim está de luto porquanto o Sport está prestes a fechar suas portas em definitivo.
Para encerrar, lembro uma canção que fez sucesso no país, de autoria de Edson Conceição e Aloísio Silva, cantada por Alcione, onde se conclama a população a não deixar o samba morrer.
Neste momento, sigo o mesmo caminho e dirijo um apelo ao povo de Surubim: não deixem o Sport Club morrer!
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