Padre Inaldo Silva (Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

O padre Inaldo Silva, surubinense que participou com intensidade da vida do Sport Club de Surubim nas décadas de 1950 a 1970, atendeu a solicitação de nossa reportagem para descrever a importância dessa agremiação na organização social e esportiva surubinense em seu tempo.

Referindo-se aos anos de 1955 a 1960, quando o Sport “o mais querido da Joia do Agreste”, mantinha seu time de futebol de campo, citou grandes momentos futebolísticos com as visitas de times de Recife como o América, Sport, Santa Cruz e Náutico.

As festas sociais, continuou, contavam com as manhãs de sol, matinês dos carnavais e os grandes bailes de Vaquejadas, de Carnaval, das Rosas, da Festa da Canjica, de Santo Antônio, São João e São Pedro, Sábado de Aleluia, Natal e Ano Novo.

A cada grande baile seguia-se uma Manhã de Sol de encerramento. Eram bailes com grandes orquestras e conjuntos regionais como a Orquestra Brasileira de Espetáculos, Marimba Mexicana, Super Oara, Marajoara, Trio Yraquitan, Mário Gris, Fernando Borges, Inaldo Vilarim, Os Meigos, Orquestra Guarani, Orquestra Espanhola de Boleros, Orquestra do Maestro Duda, orquestras da Rádio Clube, da Rádio Jornal do Comércio, da Rádio Tamandaré, Orquestra Capibaribe, Orquestra do Maestro Severino Araújo da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, além de cantores famosos como Ângela Maria, Altemar Dutra, Valdick Soriano e Nelson Gonçalves.

Entre os anos de 1940 e 1950 Surubim viveu um período de grande animação na Rua Capitão Antônio Farias, quando se promovia a Festa da Primavera no mês de setembro, que terminava com a vaquejada. Armava-se um palanque enorme em frente à sede do Sport com mesas e cadeiras, o povo passeado prá lá e prá cá, com apresentação de cantores culminando com a eleição da Rainha da Primavera. “Por esse tempo a nossa geração viveu os anos dourados da vida social e esportiva de Surubim”.

Em 1958, o Sport organizou e promoveu um dos maiores carnavais surubinenses estando à frente o Sr. Severino Pragana, que fantasiado como Zé Pereira, desfilou pelas ruas da cidade em carro alegórico com Eda Guerra, a Rainha do Carnaval daquele ano. Seguiam-se o Boi de Nanico, Escola de Samba, Blocos de Sujos, a La Ursa, O Morcego (com o velho Chócha) e o inesquecível refrão “o morcego é perigoso ele é danado pelo dinheiro do povo (!)” além dos tradicionais “Cabocolinos”.

É bom lembrar os concursos para a escolha das mais elegantes, assim como das misses da cidade. Em 1970, Ana Almeny foi escolhida a Miss Surubim, sendo depois eleita Miss Pernambuco. Ela foi recebida festivamente e desfilou pelas nossas ruas num tempo em que o Sport era o centro da vida social surubinense.

Em 1979, ficou na memória o baile promovido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco com a orquestra do Maestro Zé Menezes e Duda.

Mas o Sport foi muito mais além do que um espaço destinado à vida social. Suas portas sempre estiveram abertas para as atividades culturais, como lançamento de livros, palestras, apresentações teatrais, assim como para reuniões do Rotary, Maçonaria, clube de Lojistas, de preparação do Censo do IBGE e mesmo para as Convenções Partidárias.

Um evento, dentre tantos outros, ficou marcado na História Política do município. Deu-se em 1964. Com o clube lotado, naquele ano, no mês de setembro, houve uma Audiência Pública na sede do Sport para o julgamento de nove presos políticos da Ditadura Militar.

Eram homens de bem, reconhecidos na cidade, pais de família que sonhavam em viver em liberdade e trabalhar para sustentar suas famílias dignamente. Eles lutavam por uma sociedade digna e com justiça social para todos. E, depois de passarem meses na cadeia municipal, decorrente de perseguições infundadas, finalmente recuperaram a liberdade.

O Sport Club é uma página riquíssima da História de Surubim.