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Bicentenário da morte de Frei Caneca é registrado em Surubim com escultura

16/01/2025

Roda de ciranda após a inauguração da estátua de Frei Caneca, na zona rural de Surubim (Foto: Reprodução/Whatsapp)

Os 200 anos do fuzilamento do grande líder da Confederação do Equador, Frei Caneca, crime perpetrado pelas forças do Imperador Pedro I, no dia 13 de janeiro de 1825 na cidade do Recife, mereceu uma homenagem significativa em Surubim.

Na Fazenda Cachoeira do Taépe, nesta segunda-feira 13 de janeiro, foi inaugurada uma escultura simbolizando o grande mártir pernambucano Frei do Amor Divino Caneca, com seis metros de altura, realizada em cimento e concreto, em forma totêmica. A sua concepção se deve ao artista Severino Iabá, tendo sido construída conjuntamente com o Mestre Joel Severino e as participações de Sebastião Xavier da Silva e José Wilson Silva de Lima. Segue essa obra de arte a mesma linha estilística dos bonecos de mamulengo em cimento do Parque Memorial dos Severinos no bairro de Lagoa Nova na cidade de Surubim criado por Iabá.

Faz-se bem ressaltar que ele é o grande mentor dessa homenagem. Embora residindo na grande Belo Horizonte, em Minas Gerais, anualmente retorna à sua terra para agitar o cenário de cultura local. Faz cinco anos que realiza o Festival Mamulengá no Parque que criou conjuntamente com seus familiares valorizando as manifestações de natureza folclórica. Nesta versão teve o apoio do Sesc-Ler, do Centro Cultural Casa-Grande Cachoeira do Taépe e do Memorial dos Severinos.

Neste ano além dos cortejos com bois de carnaval, apresentações de mamulengo, bandas de pífanos, ciranda e coco comandados pelo artista Noé da Ciranda, realizaram-se também performance-poética, oficinas de dança e coco, oficinas de poesia, música, literatura, apresentação de grupos de reisado e de caboclinhos. Os duzentos anos da passagem das forças confederadas pelo município de Surubim e do arcabuzamento de Frei Caneca foi intensamente comemorada com destaque para a performance “O Amor Divino Pela Liberdade” encenada pelo ator recifense Adriano Cabral, as rodas de conversas, a intervenção poética com Adriele Silva reportando-se ao Auto do Frade do poeta João Cabral de Melo Neto e tendo a sua culminância com a inauguração da escultura de Frei Caneca.

O V Mamulengá teve uma extensa programação que se iniciou no dia 11 de janeiro se desenrolando nas ruas da cidade, Sesc Ler, Memorial dos Severinos e sendo concluído de forma apoteótica com a inauguração no dia 13 do monumento a Frei Caneca nas proximidades da Casa Grande da Fazenda Cachoeira do Taépe.

Roda de conversa na Casa-Grande: mesa formada pelo cineasta João Marcelo Alves, Lylli Quadros, Fernando Guerra, Mareval Nascimento representando o Centro Cultural Casa-Grande Cachoeira do Taépe, artista plástico Severino Iabá, escritora Jane Caneca e o poeta cearense Davi Moura (Foto: Divulgação/ João Pedro)

História

Casa Grande da Fazenda Cachoeira do Taépe (Foto: Reprodução/ Criatório Fábio Santos)

Há de se ressaltar que o mais antigo proprietário da Fazenda Cachoeira do Taépe que se tem conhecimento é o Capitão José Francisco de Arruda. Ele era um português que enriquecera com algodão e na Revolução Pernambucana de 1817, com outros vereadores de Limoeiro foi preso e deportado para a prisão de Salvador onde foi humilhado nas masmorras da capital baiana. Ali já se encontravam presos outros heróis pernambucanos inclusive Frei Caneca. Anistiados, os dois tomaram rumos diferentes.

Quando a Coluna republicana passou por Pedra Tapada, seus líderes receberam um oficio subscrito pelo Capitão José Francisco, “comandante da força de Malhadinha”, portanto, a serviço do Império, requerendo que depusessem as armas e oferecendo a proteção do governador das armas de Pernambuco, admoestado e diante da determinação das forças republicanas, Arruda consentiu que as tropas passassem em paz.

Após acamparem no dia 28 de setembro em Malhadinha, por todo o dia 29 de setembro de 1824 as tropas da Confederação do Equador atravessaram terras da Fazenda Cachoeira do Taépe, margeando o rio Capibaribe e pernoitaram depois do Chéus na localidade de Bateria, ainda no atual município de Surubim.

Esse episódio coloca Surubim e outros municípios pernambucanos no mapa da história do Brasil pela sua importância histórica e seu desfecho dramático.

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