A presença de Frei Caneca em Surubim
18/01/2025
Fernando Guerra editor do Correio do Agreste, Mareval Nascimento representante do Centro Cultural Casa-Grande Fazenda Cachoeira do Taépe e Severino Iabá criador do espaço Memorial dos Severinos durante a Roda de Conversas na Cachoeira do Taépe (Foto: Divulgação/ Reprodução)
Não fosse o artista Severino Iabá, Surubim não teria registrado, à altura, o bicentenário da passagem pelo seu território, de Frei Caneca e das tropas confederadas. Por sinal, nenhum dos municípios pernambucanos que serviu de cenário para esse episódio histórico, teve alguma compreensão de sua importância. Não se tem notícia de que houve qualquer manifestação cívica nessas localidades, desde Goiana a Limoeiro e daí por diante até a serra da Taquaritinga quando, de lá, os confederados tomaram o rumo da Paraíba e seguiram até o Ceará.
Tudo ficaria resumido ao levantamento histórico do editor deste jornal Correio do Agreste, Fernando Guerra, que abordou a passagem das tropas confederadas pelo município em 1824 em seu pequeno ensaio “O Agreste Setentrional e a Confederação do Equador”.
Segundo o próprio Iabá a iniciativa de construir um marco memorando a esse feito se deveu à leitura desse trabalho que, por falta de compreensão das autoridades educacionais não foi divulgado nos educandários do município. Por sorte, os jornais on line O Poder e o Correio do Agreste publicaram em forma de capítulos, dia a dia, o movimento das tropas desde o Engenho Poço Comprido onde se encontravam 3 mil pessoas até às abas da serra da Taquaritinga.
Esse trabalho conclamava os administradores públicos das localidades por onde seguiram as divisões confederadas a assinalarem, pelo menos com placas alusivas, a passagem das tropas republicanas pelos seus municípios. O que se viu foi o mais completo desinteresse dos prefeitos e de seus respectivos assessores educacionais o que não se pode atribuir ao descaso, mas sim à ignorância dos valores históricos pernambucanos.
A tarde do dia 13 de janeiro na Fazenda Cachoeira do Taépe foi recheada de momentos que relembraram o mártir Frei Caneca. Desde seus descendentes vindos de Recife como os pentanetos Rui, Sílvio e Robson Caneca e até de Fortaleza como a escritora Jane Caneca, tetraneta, ao lançamento do livro “Typhis 30” de autoria de Cláudio Caneca igualmente tetraneto do mártir pernambucano.
Na roda de conversa o cineasta João Marcelo Alves discorreu sobre o momento em que os republicanos foram atacados de surpresa na localidade de Couro Dantas resultando na morte de inúmeros republicanos entre os quais o português João Soares Lisboa, jornalista que abraçara a causa da liberdade e foi sepultado às margens do Capibaribe.
Fernando Guerra reportou-se às origens da Fazenda Cachoeira do Taépe que tem como seu mais antigo proprietário o capitão José Francisco de Arruda. Ele, em alguns momentos foi confundido com seu filho o tenente coronel José Francisco de Arruda, o conhecido Zezé da Cachoeira.
Guerra enfatizou em seu relato que ao percorrer o caminho margeante ao rio Capibaribe, Caneca e as tropas confederadas atravessaram a Fazenda Cachoeira do Taépe que se limitava ao norte com esse que é o mais pernambucano de todos os rios do estado.
Após essa roda de conversa, já em início da noite, todos se dirigiram em cortejo com o grupo do Boi Surubim, ao som de sua banda de pífanos, até a estátua de Frei Caneca. Ali Severino Iabá fez suas considerações sobre o evento, agradecendo a todos que o ajudaram e convidou aqueles que se envolveram na construção desse marco para procederem o descerramento do mesmo inaugurando-o. Depois o ator Adriano Cabral encenou a performance “O Amor Divino Pela Liberdade” e, concluindo, Noé da Ciranda fechou a noite ao ritmo da ciranda e do coco com as pessoas dançando em torno da estátua de Frei Caneca.
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