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Surubim terá parque ecológico; lançamento será neste domingo (27)

21/03/2022

Área, hoje ocupada por algarobeiras. Elas deverão ser substituídas por árvores do bioma do semiárido nordestino (Foto: Reprodução/ Divulgação)

Com o início de um plantio de cerca de 100 mudas de ipês amarelos a Sociedade dos Criadores de Surubim (SCS), lança a pedra fundamental do que será o primeiro parque ecológico do município. A cerimônia acontecerá neste domingo (27), às 10h, ao lado do local onde é realizada semanalmente a feira de gado. As primeiras 100 pessoas que chegarem para participar do evento, receberão as mudas de ipês amarelos que deverão ser plantadas na área do futuro parque, informa a direção da SCS. Ainda segundo a coordenação da SCS, essas árvores delimitarão o parque acompanhando todo seu perímetro onde existe um muro de alvenaria e têm um forte apelo ornamental, pois é a árvore símbolo do Brasil e sua floração anual se constitui num dos maiores espetáculos da natureza.

Inserido dentro de um terreno de 4,7 hectares onde fica o Parque de Exposições Antônio Farias, a cinco quarteirões da Praça Dídimo Carneiro, centro histórico da cidade de Surubim, o futuro Parque Ecológico José Irineu Cabral terá uma área de 2,5 hectares. Pertencente à instituição que representa os pecuaristas surubinenses é um local considerado uma APP-Área de Proteção Permanente, sendo proibida sua ocupação por outras atividades que não sejam a preservação ambiental. No local, passa um riacho que faz parte da bacia hidrográfica do rio Cai-Aí.

¨A Sociedade dos Criadores está em permanente busca por estabelecer uma aproximação com entidades que tenham preocupações ecológicas no município. O sucesso desse empreendimento de preservação da natureza dependerá, sobretudo do envolvimento da comunidade escolar, das associações representativas dos diversos segmentos da vida surubinense e principalmente das pessoas que amam a natureza¨, afirma o presidente da SCS, Fernando Guerra.

Parque faz homenagem a José Irineu Cabral 

O Parque Ecológico tem a denominação de um dos mais importantes surubinenses, José Irineu Cabral, que foi um dos fundadores da EMBRAPA e seu primeiro presidente. Como é do conhecimento geral, a EMBRAPA é o mais importante órgão de pesquisa agropecuária do país e é responsável pelo lugar privilegiado em que o Brasil ocupa no mundo como produtor e exportador de produtos agrícolas e pecuários. Por algum descuido ou desconhecimento da importância desse filho da terra, em Surubim não existe uma única rua e nem sequer um beco com seu nome. Dessa forma, a Sociedade dos Criadores faz uma reparação histórica reconhecendo-o como um dos surubinenses mais ilustres.

Para entendermos a importância de José Irineu Cabral, transcrevemos alguns trechos do livro escrito por F. F. Guerra, Memória das Vaquejadas de Surubim (2017), selecionados do capítulo que lhe foi dedicado:

Ao se escrever a história do agronegócio nacional, inevitavelmente o nome da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA avultará como a grande responsável pelo desempenho excepcional no contexto das nações. (…) O Brasil transformou-se numa superpotência agropecuária mundial graças às pesquisas empreendidas por essa instituição. Por sua vez a História da EMBRAPA encontra-se marcada de forma indelével pela presença do surubinense José Irineu Cabral. Foi ele quem “coordenou todas as ações preparatórias para criação desta organização e seu primeiro presidente”. Podemos dizer que Irineu continua sendo um ilustre desconhecido em sua terra natal. Falta-lhe o reconhecimento público. O nome de uma rua, uma praça, uma edificação, algo que sinalize a contribuição de Surubim para o desenvolvimento da agricultura e da pecuária nacionais. (…) Tanto quanto Capiba na música, quanto Chacrinha na comunicação televisiva, José Irineu foi um dos notáveis em sua área. 

¨Ao denominar o Parque Ecológico de José Irineu Cabral, a Sociedade dos Criadores de Surubim contribui para preencher essa lacuna imperdoável que é o não reconhecimento em sua terra natal da contribuição desse surubinense para o sucesso internacional da agropecuária brasileira¨, complementa Fernando Guerra.

Antecedentes 

Na revista Surubim Cinquentenário, publicada em 1978, por ocasião das comemorações alusivas às cinco décadas da Emancipação Política do Município de Surubim, encontra-se um artigo de autoria de Fernando F. Guerra, sob o título de Natureza Mutilada. O autor descreve o rápido processo de degradação ambiental com perdas em sua maior parte irreversíveis para a fauna e a flora da região. Ressalta o artigo que “a Natureza vive seus últimos dias em Surubim, município com quase todas suas reservas florestais destruídas. Porque se multiplicou a população sem ter adquirido os conhecimentos necessários para, através de uma troca de informações, tentar estabelecer um equilíbrio ecológico e harmonizar-se com o meio ambiente ao qual estaria destinada a viver”.  

Naquele momento, o autor que hoje se encontra à frente da Sociedade dos Criadores de Surubim, conclamava os leitores a se organizarem em torno de uma Associação Protetora da Natureza que se colocaria como instrumento para refrear a tendência destrutiva ambiental que se manifestava na derrubada das matas e na matança dos animais silvestres ainda existentes. 

Entre seus principais objetivos encontrava-se “Lutar por uma reserva florestal para tentar aí, reintroduzir espécies a estas alturas desaparecidas de nossa região”. 

Quarenta e três anos depois essa ideia renasce no projeto de instalação do Parque Ecológico que ora a Sociedade dos Criadores busca viabilizar. 

Benefícios 

¨São incontáveis os benefícios proporcionados pelo Parque desde a melhoria da qualidade ambiental, sua inclusão no âmbito educacional com uma proposta didática e até o aspecto paisagístico¨, comenta o presidente da SCS. 

site da Central Florestal, plataforma virtual em apoio ao ensino florestal no país, enumera diversas situações benéficas proporcionadas pela implantação de um parque desse nível. Entre elas, considerando-se as condições de artificialidade em que a urbanização mergulhou, cita o direcionamento didático, proporcionando conhecimento botânico ao alunado escolar. Além disso, enfatiza a manutenção da estabilidade microclimática, conforto térmico associado à umidade do ar e à sombra, redução da poluição, conservação genética da flora nativa, embelezamento da cidade proporcionando prazer estético, bem estar psicológico, melhoria da saúde física e mental da população, entre outros. 

Área contemplará bioma do semiárido 

O Parque Ecológico será destinado para a preservação de espécies vegetais nativas do bioma do semiárido desde as plantas xerófitas às árvores portentosas como as baraúnas, mulungus, jucás, barrigudas, cedros, além dos paus-d’arco (ipês) de florações diversas que aos poucos vão sendo substituídas pelas pastagens direcionadas aos bovinos, informa a diretoria da entidade, que vem mantendo permanente contato com Nezinho Apicultor responsável pela coleta de sementes de plantas nativas que serão gradativamente plantadas no parque. Até o momento o número plantas identificadas já ultrapassou o número considerável de 200 espécies. 

Conforme a direção da SCS, será indispensável a erradicação das plantas exóticas existentes no local para a introdução gradativa de plantas nativas o que se presume demande um tempo em torno de três anos. A escolha pela vegetação típica do semiárido sinaliza para o compromisso com a identidade botânica da região onde se insere o município de Surubim, cujas espécies vegetais estão inteiramente adaptadas ao regime de chuvas com baixos índices pluviométricos. Esse fator permitirá o sucesso do empreendimento porquanto exigirá menores cuidados pela rusticidade dos espécimes vegetais afeitos a secas prolongadas.

 

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